Sucedendo
Juscelino Kubitschek, Jânio da Silva Quadros assumiu o governo graças ao seu
importante papel na politica paulista. Com toda sua habilidade, demagogia e
carisma, Jânio conquistou não só os votos da ala conservadora, como também os
das camadas populares, visto que no momento em que o Brasil se encontrava, sua
força eleitoral era implacável.
Momento
este, caracterizado pela alta dívida externa deixada por Kubitschek durante o
maior progresso econômico pelo qual o Brasil passou, além da concentração de
renda e inflações decorrentes de suas grandes obras públicas que exigiam grande
emissão de papel moeda.
No
começo de seu mandato, em 31 de janeiro de 1961, eleito pela UND (União
Nacionalista Democrática), Jânio iniciou reformas que não foram bem aceitas
pela população. As medidas financeiras e administrativas tomadas pelo
presidente fizeram com que o custo de vida aumentasse e, paralelamente,
congelou salários e restringiu créditos bancários.
Atitudes como a proibição do uso de biquínis
nas praias, corridas de cavalo e rinhas de galo fizeram com que,
gradativamente, sua popularidade caísse. Além disso, perdeu o apoio dos
conversadores e dos progressistas devido as sua política internas e externas
contraditórias. Ao mesmo tempo que, internamente, Jânio beneficiou o
capitalismo, externamente ele estabeleceu alianças com países de cunho
socialista.
Numa
tentativa de manobra política para recuperar sua popularidade, Jânio Quadros teve
o seguinte raciocínio: se mandasse seu vice, João Goulart, à China este seria
considerado socialista e, portanto, não seria aceito como substituto na
presidência. A junção desses fatos levou o presidente à renúncia no dia 25 de
agosto de 1961. Ele acreditou que tanto os militares,
quanto a opinião pública pediriam seu retorno, coisa que só acetaria caso lhe
oferecessem plenos poderes. A tentativa foi um fracasso e João Goulart assumiu
o poder já sob a vulnerabilidade de ser deposto.
Nicolau
Maquiavel, importante historiador, diplomata e filósofo, escreveu uma renomada
obra considerada como o manual dos governantes, intitulada “O Príncipe”. Nessa
obra, Maquiavel diz que mesmo tendo que usar força militar e fazer inimigos o
mais importante é manter o poder absoluto. Segundo ele, a prática da política
exigia virtù que permite o alcance da fortuna. Fortuna diz respeito às circunstâncias que aparecem para um
indivíduo, sendo elas externas homem. Por sua vez, virtù é a capacidade de um individuo de controlar as situações e
acontecimentos.
No
caso de Jânio Quadros, a fortuna estava ao seu lado uma vez que ele, utilizando
sua virtude, foi eleito com grande aceitação popular. Através de políticas que
agradassem as camadas populares, como o slogan de propaganda “varrer a
corrupção” e ainda, para mostrar-se uma figura do povo, comia pão com mortadela
publicamente e jogava pó sobre os ombros simulando caspa. Porém isso foi um
erro na visão de Maquiavel, pois um bom líder não demonstra humildade na
conquista do povo.
Outro
ponto a ressaltar no governo de Jânio foi a sua incapacidade de se manter no
cargo por meio da “manutenção de conquista”. Esta, segundo Maquiavel, é a
resistência por parte do governante a todas as ações provenientes dos seus
inimigos. Ele deve garantir a glória de sua gestão e a segurança de seus
governados, atraindo a fortuna para si.
Outro
conceito abordado em “O Príncipe” é a justificação dos fins pelos meios. Relacionando
tal tese com as ações de Jânio, percebemos que, no seu ponto de vista, a
tentativa de renúncia se justificaria quando o povo clamasse por sua volta. O
que claramente foi o maior equívoco de seu curto e incompetente mandato.
Maquiavel
diz que os governantes inconstantes, levianos, fracos e sem firmeza em suas
ações, tornam-se desprezados. Jânio cometeu exatamente esses erros, uma vez que
seu governo foi contraditório, e sua renuncia um ato extremante impulsivo.
Enquanto isso, para ser estimado, Maquiavel sugere que o Príncipe se torne ou
um verdadeiro inimigo, ou um verdadeiro amigo, mas nunca neutro. O presidente,
na tentativa de agradar tanto conservadores quanto os progressistas, cometeu
esse grave e crucial erro.
Portanto,
concluímos que o boêmio Jânio Quadros esboçou uma breve atitude virtuosa, pois
conseguiu chegar ao poder com grande apoio popular. Porém, no decorrer do seu
mandato, não demonstrou mais essa capacidade de manter o controle do poder
conforme as ideologias de Maquiavel.
Jânio Quadros foi sem dúvida um dos melhores exemplos de como não se comportar ao assumir o poder. Seu governo foi marcado por 7 meses de ações bastante questionáveis, citadas no texto, e ao longo do mandato perdeu força política. Segundo as ideias de Maquiavel, um príncipe (governante) não precisa ter qualidades, mas sim deixar parecer ao povo que tem. No ínicio Jãnio até tinha certo prestígio, porém perdeu a confiança do povo. Outro pensamento do filósofo diz que o governante deve manter-se alerta com todos, já que qualquer indivíduo é corruptível, desta maneira quando renunciou ao cargo, com o pensamento de ocorrer algo semelhante a Vargas e fortalecer seu poder, ao invés de "varrer a corrupção" foi "varrido" por tentar ser amado e não temido.
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ResponderExcluirJânio Quadros não agiu como Maquiavel espera que os governantes ajam para terem sucesso. Ele conquistou todas as camadas sociais, sendo amado e não temido. Maquiavel diz que é preferível que o governante seja temido do que amado. Outro fato do governo de Quadros que reflete o pensamento de Maquiavel é que “E os que têm pouco trabalho para chegarem à condição de Príncipes se mantêm com dificuldade.” Maquiavel diz ainda que o governante deve sempre procurar ser odiado pelo seu povo e Quadros não fez isso. Se Jânio Quadros tivesse agido conforme a obra O príncipe talvez tivesse sido mais bem-sucedido em seu governo.
ResponderExcluirBarbara Ramalho de Oliveira
RA00134276