Karl Marx,
intelectual alemão do século XIX, foi na contramão de pensadores como Locke e
Stuart Mill e discutiu a questão da necessidade ou não de um estado. Enquanto
estes defendiam a manutenção da ordem de um regime liberal, Marx, principal
autor do pensamento radical, acreditava, tal como Rousseau, que “a origem de
todos os males é a criação da propriedade privada”. Testemunha do auge da
revolução industrial, percebeu que o capitalismo necessita de mecanismos de
dominação para o seu funcionamento.
Uma questão sempre muito explorada por Marx foi a de
existir lucro em uma transação simples. O filósofo não conseguia entender como
era possível uma das partes sair ganhando, já que o que era comercializado
deveria ter o mesmo valor. Foi então que Marx percebeu que isso só era possível
mediante a existência de um “equivalente geral”, por exemplo, o sal, que foi o
primeiro deles e deu origem à palavra salário. Depois desse tivemos outros, tal
como o ouro e o dinheiro.
Como
resposta à questão proposta, tem-se que havia exploração do patrão ao
funcionário desde o início da sociedade burguesa. O dono dos meios de produção
criou uma divisão de tarefas dentro do seu estabelecimento comercial, onde cabe
a cada trabalhador realizar uma etapa da produção da mercadoria. Com essa
divisão, cria-se uma especialização do mesmo em sua respectiva função,
acelerando, assim, a elaboração do produto. Entretanto ela também aliena os
trabalhadores quanto à noção do valor do seu esforço durante o tempo
trabalhado.
Essa
falta de noção em relação ao que seu próprio corpo produz durante as horas de
trabalho gera a “mais valia”, também conhecida como “sobretrabalho”. Tendo como
exemplo um proletário que trabalha 8 horas em uma fábrica de tecido, produzindo
em média 10 metros de tecido por hora, mas que no momento de receber o seu
salário, ganha o valor equivalente a 2 metros, os 8 metros restantes geram
lucro ao proprietário. Esse trabalhador é alienado de si mesmo, ou seja, não
consegue mensurar o valor do seu trabalho e acaba, dessa maneira, sendo
explorado.
Com
a mecanização cada vez mais avançada das fábricas, a mão-de-obra foi
substituída, gerando um “exército de reserva” que submete o trabalhador a
aceitar qualquer condição, por mais abusiva que seja. O que acabou ocorrendo por
conta disso, após a revolução industrial, foi a criação da “Lei do Salário
Máximo” com o objetivo de controlar os proletários, impedindo-os de ter uma
participação mais justa no lucro das empresas.
Outra
forma, mais atual, de dominação citada por Marx é o “fetiche da mercadoria”,
onde é criada uma necessidade de compra nos consumidores, a fim de aumentar a
venda de determinado produto através de propagandas publicitárias,
aproveitando o fato de o “valor de uso” ser subjetivo e pessoal. A pessoa que
compra é seduzida por um discurso manipulador.